quarta-feira, 11 de novembro de 2015

Noel Rosa - uma história

Quando tinha apenas 13 anos, começou a tocar bandolim de ouvido e violão, que aprendeu com o pai, seu primo Adílio e os amigos Romualdo Miranda, Vicente Sabonete e Cobrinha. Já dominando o instrumento, fazia serenatas com o irmão no bairro de Vila Isabel em 1925. Nesse mesmo ano, conheceu o compositor Sinhô, de quem tornou-se grande admirador. Sem deixar de lado o violão e as serenatas, em 1929, ao terminar o ginásio, preparou-se para a Faculdade de Medicina, que viria a abandonar três anos depois. Em 1929, os moradores de Vila Isabel e alunos do Colégio Batista, Almirante, Braguinha, Alvinho e Henrique Brito, formaram um grupo musical, o Flor do Tempo, que se apresentava em festas locais. Quando foram convidados para gravar, o grupo foi reformulado, mudando o nome para Bando de Tangarás. O compositor, que já tinha fama de bom violonista no bairro, foi convidado por Almirante e Braguinha para juntar-se ao grupo. A primeira gravação do Bando de Tangarás foi o samba "Mulher exigente", seguido por uma embolada e um cateretê, todos de autoria de Almirante. Ainda em 1929, escreveu as suas primeiras composições, a embolada "Minha viola" e a toada "Festa no céu", gravadas por ele no ano seguinte pela Parlophon. Ainda em 1930, conheceu seu primeiro grande sucesso com o samba "Com que roupa?", gravado por ele mesmo na Parlophon e sobre o qual durante muito tempo pairou a lenda de que teria sido feito devido ao fato de sua mãe ter escondido suas roupas para que não fosse para as farras. Esta lenda foi desmentida por Almirante em sua biografia sobre o compositor. Segundo o pesquisador Ary Vasconcelos, os primeiros acordes da melodia original eram bastante semelhante aos do Hino Nacional Brasileiro, o que foi detectado pelo maestro Homero Dornelas e prontamente modificada pelo autor. Paralelamente às gravações solo, continuou se apresentando com o Bando de Tangarás. Em 1931, gravou com esse grupo os sambas "Cordiais saudações", "Picilone" e "Mulata fuzarqueira", de sua autoria, e "Samba da boa vontade", parceria com João de Barro. Outras composições de sua autoria foram também gravadas no mesmo ano pelo Bando de Tangarás, como o samba "Nega", parceria com Lamartine Babo. Ainda no mesmo ano, apresentou-se no Cinema Eldorado e excursionou com o Bando de Tangarás a São José dos Campos, em São Paulo. Foi um ano pródigo em produções, com mais de 20 músicas compostas, entre as quais, "Cordiais saudações", "Agora" e "Quem dá mais?". Várias revistas musicais dessa época utilizaram composições suas, como "Mar de rosas", revista de Gastão Penalva e Velho Sobrinho, que incluía os sambas "Cordiais saudações", "Mulata fuzarqueira" e "Mão no remo", esta última em parceria com Ary Barroso. Já a revista "Café com música", de Eratóstenes Frazão, apresentava os sambas "Eu vou pra Vila", "Gago apaixonado", "Malandro medroso" e "Quem dá mais?", também conhecida como "Leilão do Brasil", além da marcha "Dona Araci". Ainda como componente do Bando de Tangarás, estreou no rádio, na Rádio Educadora, e depois na Mayrink Veiga e em seguida, passou a atuar  na Rádio Philips. Ainda no mesmo período, entrou em contato com sambistas dos morros cariocas ao freqüentar o bar Ponto de Cem Réis, em Vila Isabel, onde conheceu alguns sambistas do Salgueiro: Canuto, com quem compôs o samba "Esquecer e perdoar" e, Antenor Gargalhada, que era o principal dirigente da Escola de Samba Azul e Branco, do morro do Salgueiro, e seu parceiro no samba "Eu agora fiquei mal". Estes dois sambas foram gravados por Canuto na Parlophon.  Em 1932, atuou durante algum tempo como contra-regra do Programa Casé, na Rádio Philips, onde se apresentou também como cantor ao lado de Almirante, João de Barro, Patrício Teixeira e Marília Batista.  Ia constantemente ao café Nice, onde compôs naquele ano o samba "Coração", uma influência do curso de medicina, cujas aulas freqüentava cada vez menos, e que dizia em alguns de seus versos: "Coração/Grande órgão propulsor/Transformador do sangue/Venoso em arterial...". Nesse mesmo ano, em uma festa no Grêmio Esportivo 11 de julho, conheceu aquela que ele julgava ser sua melhor intérprete, a cantora Marília Batista. Ainda no mesmo ano, passou para a Odeon onde lançou no disco de estréia os sambas "Quem dá mais?" e "Coração". Também em 1932, Francisco Alves gravou seus sambas "Ando cismado" e "Nuvem que passou", este, uma parceria com Ismael Silva. Já Mário Reis gravou o samba-canção "Mulato bamba" e os sambas "Mentir", "Uma jura que eu fiz", parceria com Ismael Silva e Francisco Alves, e "Prazer em conhecê-lo", uma parceria com Custódio Mesquita, inspirado num encontro com uma ex-namorada, que, estando acompanhado pelo noivo, fingiu não conhecê-lo. Ainda no mesmo período, fez com Francisco Alves, Mário Reis, Nonô e Peri Cunha, uma excursão ao Rio Grande do Sul, com apresentações nas cidades de Porto Alegre, São Leopoldo, Caxias do Sul, Cachoeiro do Sul, Rio Grande e Pelotas. Nessa viagem, teve mais um caso amoroso que rendeu samba com uma mulher que conheceu no Cabaré Clube Jocotó de Porto Alegre e para quem compôs o samba "Até amanhã", grande sucesso no carnaval do ano seguinte na gravação de João Petra de Barros. Após se apresentar em cidades gaúchas, em Florianópolis(SC) e Curitiba(PR), retornou com o grupo ao Rio de Janeiro em junho de 1932. Foi nesse mesmo período que firmou parceria com Francisco Alves, substituindo Nilton Bastos no trio "Bambas do Estácio", que passou então a ter denominações variadas como "Gente Boa", "Turma da Vila" e "Batutas do Estácio". Também nesse ano, conheceu nos estúdios da Odeon, apresentado por Eduardo Souto, o pianista Vadico, seu futuro parceiro em dez composições e que lhe mostrou seu último samba. Logo recebeu letra do Poeta da Vila, nascendo então o clássico "Feitio de oração", cujos versos foram inspirados em Julinha, outra de suas namoradas, com quem teve tumultuado caso, e que inspirou também os sambas "Pra esquecer", "Cor de cinza", "Meu barracão" e "Vai pra casa depressa", esse último com música de Francisco Matoso.  Em 1933, gravou com Ismael Silva um samba que curiosamente não era de autoria de nenhum dos dois, "Escola de malandro", de Orlando Luiz Machado, com acompanhamento do grupo Batutas do Estácio. Com Léo Vilar gravou o samba "Devo esquecer", de Gilberto Martins. No mesmo disco, gravou o samba "Positivismo", parceria com Orestes Barbosa, as duas gravações acompanhadas por Pixinguinha e seu conjunto. Nesse mesmo ano, conheceu novos êxitos que se tornaram clássicos da música popular brasileira, como o samba "Fita amarela", gravado pela dupla Francisco Alves e Mário Reis e muito cantado naquele carnaval. A mesma dupla gravou a marcha "Mas como...outra vez?", parceria com Francisco Alves, e os sambas "Tudo que você diz" e "Estamos esperando". Sobre este último, há o registro de que foi feito na rua, no Largo do Maracanã, onde o compositor estava com Cartola e Francisco Alves. Estando sem dinheiro, recebeu a oferta do Rei da Voz de que se fizesse um samba ali na hora, ganharia algum dinheiro, oferta feita também a Cartola, que compôs "Qual foi o mal que eu te fiz?". Já o Poeta da Vila compôs "Estamos esperando", que diz em alguns de seus versos: "Estamos esperando, vem logo escutar/O samba que fizemos pra te dar/A rua adormeceu e nós vamos cantar/Aquilo que é só teu, que nos faz penar." Ainda em 1933, compôs com Valfrido Silva, o samba "Vai haver barulho no chatô", gravado por Mário Reis e, gravou com a sua Turma da Vila, na verdade, ele, Ismael Silva e Francisco Alves, os sambas "Onde está a honestidade" e "Arranjei um fraseado", de sua autoria. Na mesma época, Francisco Alves gravou os sambas "Quem não quer sou eu", parceria com Ismael Silva, e "Não tem tradução", parceria com Ismael Silva e Francisco Alves. São deste período uma série de sambas que se tornaram clássicos, como "Filosofia", parceria com André Filho; "Fui louco", com Alcebíades Barcelos; "A razão dá-se a quem tem", com Francisco Alves e Ismael Silva, e "Três apitos". Ainda nesse ano, teve início sua famosa polêmica com o compositor Wilson Batista, que compôs o samba "Lenço no pescoço" enaltecendo a malandragem, e que teve como resposta do compositor da Vila o samba "Rapaz folgado", que só foi gravado após sua morte por Aracy de Almeida. Em "Lenço no pescoço", por exemplo, Wilson fazia a apologia do sambista malandro, idéia com a qual o compositor de "Feitiço da Vila" não concordava, pois achava que ela denegria a imagem dos sambistas. Por isso contestou com "Rapaz folgado" em que diz: "Malandro é palavra derrotista/Que só serve pra tirar/Todo valor do sambista".  A tréplica de Wilson Batista veio através de "Mocinho da Vila", que não foi gravado. A polêmica encerrou-se momentaneamente aí.  Durante o ano de 1933, teve mais de trinta composições gravadas. Em 1934, gravou com João Petra de Barros o samba "Sentinela alerta", de Ary Barroso. No mesmo ano, excursionou com o Grupo Gente do Morro, composto por ele, Benedito Lacerda, Russo do Pandeiro, Canhoto e outros, à cidade de Campos, em viagem que pretendia seguir ao norte do país, o que acabou não ocorrendo, resumindo-se a apresentações em Campos, Muqui e Vitória. Ainda nesse ano, conheceu no Cabaré Apolo, na Lapa, a dançarina Ceci, de apenas 16 anos, seu grande amor, e para quem compôs oito sambas, entre os quais, os clássicos "Pra que mentir?", parceria com Vadico, "O maior castigo que te dou" e "Último desejo".  Em 1935, gravou com acompanhamento de conjunto regional o samba-canção "João Ninguém", de sua autoria e o samba "Conversa de botequim", parceria com Vadico, cujos versos mostram seu talento como cronista da vida da cidade: "Seu garçom/Me empreste algum dinheiro/Que eu deixei o meu/Com o bicheiro (...) Vá perguntar ao seu/Freguês do lado/Qual foi o resultado/Do futebol". Nesse mesmo ano, devido a seu estado de saúde, viajou para Belo Horizonte a fim de descansar, mas acabou não conseguindo se afastar da vida boêmia. Ali fez apresentações em cafés e cantou na Rádio Mineira. De volta ao Rio de Janeiro, seguiu intensa atividade artística, compondo novos sambas como "Silêncio de um minuto" e outros. Regressou de Belo Horizonte num sábado e já no domingo, apresentou-se no "Programa suburbano", apresentado por Allah Xavier, na Rádio Guanabara, onde cantou o samba "Só pode ser você", inspirado em uma visita de Ceci à casa de sua mãe, no tempo em que esteve em Minas Gerais. Nesse mesmo ano de 1935, Almirante conseguiu-lhe um emprego na Rádio Clube do Brasil, sugerindo ao "Poeta da Vila" que trabalhasse como libretista no programa "Como se as óperas célebres do mundo houvessem nascido aqui no Rio", parodiando obras de Verdi e Pucini, entre outros. Redigiu na época o programa "Conversa de esquina", apresentado em esquetes humorísticos. Escreveu, para ser musicado por Arnald Gluckman, o libreto da ópera "O Barbeiro de Niterói", uma paródia ao "Barbeiro de Sevilha". Fez também a revista radiofônica "Ladrão de galinha" na qual usava melodias de sucesso na época. Nesse mesmo período, retomou sua famosa polêmica musical com Wilson Batista, que havia feito um samba em que rebatia o "Feitiço da Vila". Escreveu então como resposta o samba "Palpite infeliz" no qual dizia "Quem é você que não sabe o que diz/Meu Deus do céu,/Que palpite infeliz!/Salve Estácio, Salgueiro Mangueira/Oswaldo Cruz e Matriz/Que sempre souberam muito bem/Que a Vila não quer abafar ninguém,/Só quer mostrar que faz samba também". Wilson Batista respondeu com dois novos sambas "Frankstein da Vila" e "Terra de cego", que terminaram sem resposta. Os dois compositores conheceram-se pessoalmente na Lapa, no restaurante "Leitão", ocasião na qual mantiveram amistosa conversa. Noel pediu então a Wilson Batista para fazer uma nova letra para a melodia de "Terra de Cego".  Ali mesmo nasceu "Deixa de ser convencida", provavelmente mais uma das letras inspiradas em seu amor por Ceci. Encerrava-se assim a polêmica com uma inusitada parceria entre os dois compositores. "Deixa de ser convencida" permaneceu inédita em disco até ser gravada por Cristina Buarque, somente no ano 2000, num CD dedicado ao repertório de Wilson Batista.  Foi também em 1935 que Aracy de Almeida gravou o samba "Riso de criança", iniciando assim uma série de gravações que a transformaram numa das principais intérpretes de Noel. Ainda em 1935, destacaram-se os sambas "Cansei de implorar", com Arnold Glückmann e a marcha "Pierrô apaixonado", com Heitor dos Prazeres. Em 1936, gravou com Marília Batista e acompanhamento de Pixinguinha e sua orquestra os sambas "De babado", parceria com João Mina, e "Cem mil réis", parceria com Vadico. Em 11 de novembro do mesmo ano, voltou a gravar com Marília Batista, desta vez com acompanhamento de Benedito Lacerda e seu conjunto regional,  os sambas "Provei", parceria com Vadico, e "Você vai se quiser", de sua autoria. Sete dias depois, realizou na Victor, com a mesma Marília Batista e acompanhamento dos Reis do Ritmo, aquela que foi a sua última gravação, registrando os sambas "Quem ri melhor", de sua autoria, e "Quantos beijos", parceria com Vadico. Ainda no mesmo ano, recebeu o convite de Carmem Santos e escreveu seis músicas para o filme "Cidade mulher": o samba "Tarzan, o filho do alfaiate"; parceria com Vadico; os sambas "Morena sereia" e "Na Bahia", com José Maria de Abreu; a valsa-canção "Numa noite à beira mar", o samba "Dama do cabaré", além da música título, que era uma marcha.  Terminou também nessa época a originalíssima opereta "A noiva do condutor", obra inteiramente escrita por ele, que dividiu a maioria das melodias com o maestro húngaro Arnold Gluckmann, também contratado da Rádio Clube. Até o final da vida, Almirante acalentou o sonho de levar ao disco essa obra inédita do compositor da Vila. Isso só aconteceria em 1985, cinco anos após a morte de Almirante, em gravação registrada pelos atores-cantores Marília Pera e Grande Otelo e o conjunto Coisas Nossas.  Também em 1936, teve registrada a marcha "Menina dos olhos", parceria com Lamartine Babo, numa das mais raras gravações da discografia popular brasileira feita pela inédita dupla Gaúcho e Orlando com acompanhamento dos Diabos do Céu. A gravação seria feita pela dupla Joel e Gaúcho. Como Joel não pôde comparecer ao estúdio da RCA, acabou substituído nessa gravação por Orlando Silva. Ainda nesse mesmo ano, o mesmo Orlando Silva lançou a marcha "Cidade mulher" e o samba "Pela primeira vez", parceria com Cristóvão de Alencar.  Em 1937, teve agravado seu estado de saúde e viajou durante algum tempo para a cidade de Nova Friburgo(RJ), onde, entretanto, continuou com a vida boêmia de sempre, freqüentado bares e fazendo apresentações, como a no Cine Ideal. De volta ao Rio de Janeiro, compôs aquele que foi seu último samba e última composição, "Eu sei sofrer", cujos versos diziam: "Quem é que já sofreu mais do eu/Quem é que já me viu chorar?/Sofrer foi o prazer que Deus me deu/Eu sei sofrer sem reclamar/Quem sofreu mais do que eu não nasceu/Com certeza Deus já me esqueceu". Seu estado de saúde agravou-se de maneira irreversível e a 4 de maio daquele ano veio a falecer em sua residência na Rua Teodoro da Silva, em Vila Izabel. Meia hora depois de seu falecimento chegaram em sua casa a cantora Aracy de Almeida e o compositor e instrumentista Benedito Lacerda para mostrar-lhe a gravação que haviam feito, naquela tarde, de sua última composição, "Eu sei sofrer".  Em 1938, Aracy gravou o samba "Rapaz folgado" e Sílvio Caldas o samba "Pra que mentir", parceria com Vadico, ambos na RCA. Nesse mesmo ano, João de Barro (Braguinha) fez alterações na marchinha "Linda pequena", de parceria dos dois, dando-lhe o novo título de "As pastorinhas". A marcha modificada venceu então o concurso de músicas carnavalescas daquele ano. Também em 1938, foi lançada a gravação do samba "Último desejo", feita por Aracy de Almeida no ano anterior, sem que o compositor chegasse a ouvir a gravação de uma de suas obras mais célebres, cuja partitura foi ditada no leito de morte para o parceiro Vadico.  Em 1939, Sílvio Caldas fez sucesso com seu samba "Pra que mentir", parceria com Vadico, composto dois anos antes. Em 1940, Marília Batista gravou o samba "Silêncio de um minuto". Em 1941, o escritor José Lins do Rego, autor de clássicos da literatura brasileira como "Menino de Engenho" e "Fogo Morto", acalentava o sonho de escrever uma biografia de Noel Rosa segundo uma entrevista sua a Diretrizes, publicação dirigida por Samuel Wainer, o que acabou não acontecendo. Em 1946, Carlos Galhardo registrou a canção "Queixumes", parceria com Henrique Brito. Em 1947, Aracy de Almeida foi um dos destaques do ano pela gravação do seu samba "Pela décima vez", composto doze anos antes.  Em 1950, a cantora Aracy de Almeida deu início a um movimento de redescoberta da obra do compositor e gravou pela Continental uma série de três discos com as seguinte músicas de Noel:  "Palpite infeliz", "Último desejo", "Não tem tradução", "O 'X' do problema", "Conversa de botequim" e "Feitiço da Vila", as duas últimas, parcerias com Vadico. O primeiro desses discos recebeu arranjos de Radamés Gnatalli, capa de Di Cavalcanti e textos de Lúcio Rangel e Fernando Lobo. Em 1951, Almirante lançou na Rádio Tupi do Rio de Janeiro a série de programas radiofônicos intitulada "No tempo de Noel Rosa". Em 1954, o cronista Rubem Braga, em artigo para a Revista da Música Popular, em seu primeiro número, escrevia sobre Noel: "Lembro-me de uma noite em que fui ouvir um ensaio da Escola da Estação Primeira da Mangueira. O preto Cartola fez cantar os sambas da Escola. E o único samba 'lá de baixo', o único samba não produzido na própria escola que ali se cantou foi o 'Palpite infeliz'. O morro respeitando Noel. Depois do estribilho, Cartola e outro preto iam improvisando novas letras, numa fertilidade espantosa e absurda: 'Bidú Saião um dia deste estristeceu/Tomou veneno pra morrer e não morreu.../Subiu no morro e encontrou linda atriz/Quem é você que não sabe o que diz!'. Só quem conhece uma escola de samba com o seu imenso orgulho exclusivista pode conceber o valor de uma homenagem como essa prestada a Noel". Em 1955, o cantor Nelson Gonçalves lançou pela RCA o LP "Nelson canta Noel", no qual interpretou, entre outras composições, os sambas "Feitiço da Vila", "Com que roupa" e "Quando o samba acabou".  No mesmo ano, seu primo-irmão, Jaci Pacheco, lançou a primeira obra biográfica sobre sua vida intitulada "Noel Rosa e sua época". Em 1958, o mesmo Jaci Pacheco complementou a obra com um segundo livro intitulado "O cantor da Vila (Documentos e episódios inéditos da vida de Noel Rosa)". No ano seguinte, o compositor e pesquisador Almirante proferiu no Teatro Maison de France a conferência "Retrato musical de Noel Rosa".  Em 1960, por ocasião do cinqüentenário de seu nascimento, foi inaugurado, por iniciativa da Associação Atlética Vila Isabel, um mausoléu em sua homenagem no Cemitério do Caju. Em 1962, recebeu nova homenagem com a inauguração da Escola Noel Rosa, na Rua Barão do Bom Retiro, no Rio de Janeiro, no local onde existiu o antigo Jardim Zoológico. No mesmo ano, por ocasião dos 25 anos de sua morte foi homenageado com o LP "Noel Rosa vinte anos depois", no qual foram gravadas dez composições de sua autoria na interpretação de dez diferentes artistas: "Feitiço da Vila" por Ângela Maria, "O orvalho vem caindo", pelo Quarteto Excelsior, "Último desejo", "Feitio de oração", e "Balão apagado", interpretados por Elizeth Cardoso, "Conversa de botequim", por Dolores Duran, "Até amanhã", por Waldir Calmon e seu conjunto, "Fita amarela", por Altamiro Carrilho e sua bandinha, "Pastorinhas", por Aloysio Figueiredo e seu conjunto, e "Palpite infeliz" na interpretação de Roberto Silva. Em 1963, Almirante lançou a célebre biografia do compositor, "No tempo de Noel Rosa", listando 212 obras de sua autoria. Em 1968, no LP "Velloso, Bethânia e Gil", lançado pela RCA Victor, a cantora baiana Maria Bethânia dedicou todo o lado B do disco, intitulado "Bethânia canta Noel", ao compositor da Vila, interpretando os sambas "Três apitos", "Pra que mentir", "Feitio de oração", "Último desejo", "'X' do problema" e "Silêncio de um minuto".  Em 1971, foi relançado o LP "Nelson canta Noel". Em 1974, no LP "Sinal fechado", o cantor Chico Buarque gravou o samba "Filosofia", parceria com André Filho.  Sua obra foi bastante revitalizada pelo conjunto "Coisas Nossas", que na década de 1980 gravou os discos "Noel Rosa - inédito e desconhecido" e "A noiva do condutor", este último com as participações especiais de Grande Otelo e Marília Pera. No primeiro, destacam-se composições até então não gravadas, com parceiros ilustres como Lamartine Babo, Ary Barroso, João de Barro e Ismael Silva, entre outros. "A Noiva do Condutor" é a gravação integral da opereta composta em 1935 em parceria com o maestro Arnold Gluckmann. Na mesma década, o conjunto vocal MPB4 lançou o LP "Feitiço Carioca", inteiramente dedicado à obra do Poeta da Vila e com alguns arranjos mais ousados, que provocaram estranhamento aos apreciadores de sua obra.  Em 1987, por ocasião dos 50 anos de sua a morte, foi homenageado pela gravadora Continental com o LP "Uma rosa para Noel - 50 anos depois", com oito composições do Poeta da Vila interpretadas por ele mesmo com arranjos originais e reconstituição musical do maestro Edson José Alves, incluindo, entre outras, "Positivismo", parceria com Orestes Barbosa; "Coisas nossas"; "Mulher indigesta" e "Vejo amanhecer", parceria com Francisco Alves interpretada em dueto com Ismael Silva.  Nos anos 1990, o cineasta Rogério Sganzerla lançou um curta-metragem inspirado na vida trágica do artista, e sua história também chegou aos palcos na montagem teatral dirigida por Domingos de Oliveira e estrelada por Pedro Cardoso e, anos mais tarde, na que trouxe Marcelo Novaes no papel de Noel Rosa, à frente de um elenco que incluía a cantora Elza Maria vivendo Aracy de Almeida. Um dos integrantes do Coisas Nossas, Carlos Didier, o Caola, escreveu com o jornalista e crítico João Máximo um livro fundamental lançado em 1990 pela Editora da Universidade de Brasília (UnB) e a Linha Gráfica Editora: "Noel Rosa, uma biografia".  Na coleção "Mestres da MPB", projeto de Tárik de Souza e Carlos Alberto Sion, a gravadora Continental lançou em 1994 o CD "Noel Rosa e Aracy de Almeida", com remasterização em sistema digital de gravações originais.  A admiração por sua obra e a revalorização de seus sambas continuam a acontecer, a exemplo do CD lançado pelo cantor Zé Renato, "Filosofia", em que canta exclusivamente canções de Noel e também de Chico Buarque. O músico Henrique Cazes (um dos integrantes do Coisas Nossas) e a cantora Cristina Buarque gravaram em 2001 um CD inteiramente dedicado ao seu repertório, disco que foi acompanhado por show levado pela dupla a vários palcos do país. Em 2004, seus samba "Fui louco", com Bide, e as marchas "Eu queria um retratinho de você" e "O sol nasceu para todos", ambas com Lamartine Babo, foram incluídos na caixa de três CDs "Um cantor moderno" lançada pela BMG com a obra do cantor Mário Reis. Em 2006, foi homenageado por ocasião da passagem dos seus 96 anos de nascimento, com um show do grupo curitibano do cantor Marcio Juliano. Em 2007, a Rádio MEC lançou o CD triplo "Acervo Rádio MEC" do qual fazem parte a série de 19 programas sobre sua vida e carreira artística intitulados "O assunto é Noel" produzidos por Paulo Tapajós em 1987. Nesse ano, por ocasião dos 70 anos de sua morte, foi homenageado no bairro de Vila Isabel, onde nasceu, viveu e morreu, com um grande show que contou com direção musical de Henrique Cazes e participação dos músicos Luis Filipe Lima, no violão; Itamar Assiere no piano; Dirceu Leite nos sopros; Beto Cazes e Paulino Dias na percussão, além do prórpio Henrique Cazes no cavaquino. Tomaram parte do show os cantores Roberto Silva, Cristina Buarque, Nilze Carvalho e Marcos Sacramento. No show foram interpretadas as seguintes composições. "Eu vou pra Vila", "Conversa de botequim", "Feitio de oração", e "Com que roupa", na voz de Nilze Carvalho; "Só pode ser você", "Mulato bamba", "Meu barracão" e "Triste cuíca", por Marcos Sacramento; "O x do problema", "Cem mil réis", "Quem ri melhor", "Julieta" e "Três apitos", por Cristina Buarque, e "Fita marela", "Dama do cabaré", "Palpite infeliz" e "Feitiço da Vila", na voz de Roberto Silva. Encerrando o show que foi realizado na rua, no Boulevard 28 de Setembro com grande presença de público, os quatro cantores presentes entoaram em coro com os presentes os clássicos "O orvalho vem caindo", "Até amanhã" e "As pastorinhas", esta última, uma parceria com Braguinha. Ainda em 2007, estreou o filme "Noel - O poeta da Vila", dirigido por Ricardo Van Steen, e que retrata a vida e a carreira do compositor que é interpretado pelo ator Rafael Raposo, que impressiona pela semelhança física com o "Poeta da Vila". O filme contou com trilha sonora de Arto Lindsay e do violonista Luís Filipe de Lima, e teve ainda as participações dos músicos Otto, Wilson das Neves, Eduardo Galotti e Mário Broder. Ao longo do filme são interpretados clássicos do compositor como "Com que roupa?", "Três apitos", "Silêncio de um minuto", "Ilustre visita" e "Dama do cabaré", entre outras. Também por conta das homenagens pelos 70 anos de sua morte, foi apresentado no "Viva Rio" o espetáculo "Uma noite com Noel Rosa" no qual os cantores Ney Matogrosso, Roberta Sá, Rodrigo Maranhão, Zé Renato, Diogo Nogueira, e Maurício Pessoa, além do grupo Anjos da Lua, se reuniram para "cantar a vida e a obra do poeta da Vila", conforme diz o texto de divulgação do show. Em 2008, foi homenageado na abertura da série "MPB e Jazz" no palco do Canecão com a presença da orquestra Petrobrás Sinfônica com regência de Wagner Tiso e Carlos Prazeres. Contando ainda com as participações especiais de Beth Carvalho e Diogo Nogueira, foram interpretados clássicos do compositor da Vila Izabel como "Conversa de botequim", "Filosofia", "Não tem tradução", "Gago apaixonado", "Feitiço da Vila" e "Último desejo", além de "Pierrot apaixonado", parceria com Heitor dos Prazeres, e "As pastorinhas", com Braguinha. Em 2009, abrindo as comemorações pelo centenário de nascimento do compositor foi lançado pelo Instituto Cultural Cravo Albin dentro da série MPB pela MPE uma caixa de quatro CDs intitulada "Noel é 100" com produção artística e textos de Ricardo Cravo Albin, e assistência de produção e montagem de Carlos Savalla. Os CDs foram divididos em eixos temáticos. O volume 1 apresenta gravações do próprio compositor com ele interpretando os sambas "Malandro medroso"; "Com que roupa"; "Quem dá mais"; "Mulata fuzarqueira"; "Coração"; "João ninguém"; "Cordiais saudações"; "Conversa de botequim", e "Vou te ripar", todas em gravações solo do próprio autor, além de "Cem mil réis" e "De babado", com a participação de Marília Batista; "Seu Jacinto" e "Quem não dá", com a participação de Ismael Silva, e "Onde está a honestidade", com a participação da Turma da Vila. O volume 2 apresenta as nove composições que envolveram a famosa polêmica musical entre o "Poeta da Vila" e o sambista Wilson Batista, sendo interpretadas por Roberto Paiva os sambas "Lenço no pescoço"; "Mocinho da Vila"; "Frankstein da Vila"; "Conversa fiada", e "Terra de cego", já Francisco Egídio gravou os sambas compositor de Vila Isabel: "Rapaz folgado"; "Palpite infeliz"; e "Feitiço da Vila", ainda fazem parte desse volume as gravações dos sambas "Pra me livrar do mal", com Ismael Silva, e "Quem não quer sou eu", na voz de Francisco Alves; "A razão dá-se a quem tem", com Ismael Silva, e "Quando o samba acabou", nas gravações de Mário Reis, e "É preciso discutir", no dueto entre Francisco Alves e Mário Reis. No terceiro volume são apresentadas obras carnavalescas em diversas interpretações: "AEIOU", com Lamartine Babo, na interpretação de Arrelia e Lamartine Babo; "O orvalho vem caindo", com Elza Soares; "Dona do lugar", com Jonjoca e Castro Barbosa; "Felicidade", com Carlos Galhardo; "Escola de malandro", em dueto entre o Poeta da Vila e Ismael Silva; "As pastorinhas", na voz de Sylvio Caldas; "Vai haver barulho no chatô", com Walfrido Silva, na gravação de Mário Reis; "Pela décima vez", na voz de Dalva de Oliveira; "Estamos esperando", no dueto entre Francisco Alves e Mário Reis; "Você vai se quiser", no dueto entre o autor e Marília Batista; "Você só...mente", em dueto entre Francisco Alves e Aurora Miranda; "Arranjei um fraseado", na interpretação do autor com a Turma da Vila; "Prazer emconhecê-lo", na voz de Mário Reis; e "Até amanhã", na gravação do Trio Irakitan. O quarto volume apresenta gravações feitas a partir da década de 1960, em diferentes vozes da música popular brasileira: "Gago apaixonado" e "Não tem tradução", na voz de João Nogueira; "Conversa de botequim", na de Dóris Monteiro; "Pra que mentir", na de Paulinho da Viola; "Onde está a honestidade", na interpretação de Beth Carvalho; "Filosofia", na gravação de Mário Reis de 1971; "Último desejo", na voz de Maria Betânia; "Palpite infeliz", na de Roberto Silva; "Feitiço da Vila", com Vadico, na gravação de Elizeth Cardoso; "Três apitos", na de Mitinho; "Feitio de oração", com Vadico, na de Ângela Maria; "Só poderia ser você", na gravação de Márcia; "Pra esquecer", na de Clara Nunes, e "De qualquer maneira", com Ary Barroso, com o Trio Irakitan. Ainda em 2009, foi escolhido como enredo da escola de samba Unidos de Vila Isabel, cujo samba-enredo, "Noel: a presença do Poeta da Vila" foi composto por Martinho da Vila. Também nesse ano, por ocasião da data em que se comemoraram seus 99 anos de nascimento foi homenageado com um grande show na quadra da escola de samba Unidos de Vila Isabel. Foi lançado ainda em 2009, o CD "Noel - Poeta da Vila" com a trilha sonora do filme homônimo  com interpretações de suas obras a cargo de Wilson das Neves, Itamar Assiere, Paulão 7 Cordas e Otto. Em 2010, por conta do centenário de seu nascimento foi lançado pela editora paulista Terceiro Nome o livro "Noel Rosa - A noiva do condutor" com o esboço do roteiro e as letras das canções da opereta que o compositor e o maestro Arnold Gluckman escreveram em 1935 para a Rádio Clube do Brasil mas que motivos ignorados nunca foi ao ar. Segundo o jornalista João Máximo, "Formalmente, não se trata de uma opereta, e sim de uma curta e ingênua comédia musical. Difere das duas experiências anteriores de Noel, em termos de teatro musical radiofônico: "O barbeiro de Niterói" e "O ladrão de galinha". Nestas, Noel abraçava um de seus gêneros favoritos, a paródia, apondo letras cheias de humor a melodias alheias. Em "A noiva do condutor", são originais tanto as melodias (duas do próprio Noel e as demais de Glückmann) como as letras. Da mesma forma, é original o enredo esboçado por Noel sobre alguns de seus temas mais recorrentes, o dinheiro, a mentira, o oportunismo, a mulher que se conquista com carícias de papel." Ainda segundo João Máximo, "Noel Rosa, como já disse Ary Barroso, "criou um estilo". E nisso, foi mais cronista do que poeta. Contador  de histórias, fixador de tipos, observador da sociedade meio marginal do seu tempo, é aí que se deve ver nele a promessa de um autor teatral a expressar-se com a música." Ainda por conta das comemorações pelo seu centenário de nascimento foi publicada no jornal O Globo pelo jornalista João Máximo uma entrevista imaginária na qual o jornalista listou entrevistas concedidas pelo compositor e remontou essa fictícia entrevista. Foi ainda lançado pela Casa da Palavra o livro "Noel Rosa, o poeta da cidade", de André Diniz, em evento realizado na casa de shows Trapiche Gamboa com show da cantora Soraya Ravenle recriando clássicos do compositor. Foram ainda lançados os CDs "Scenarium de Noel" com gravações do grupo Scenarium Musical formado por jovens alunos do Instituto Rio Scenarium, e o CD "Noel Rosa: Universidade da Vila" que foi produzido por Marcelo Fróes para o selo Discobertas e no qual Joyce, Zélia Duncan, Isabella Taviani, Ivan Lins, Jorge Versíllo e Paulinho Moska cantaram obras do Poeta da Vila. Ainda em 2010, o jornalista Francisco Bosco em artigo para o jornal O Globo intitulado "O filósofo do samba" ressaltou o lado filosófico da obra do compositor. No artigo o jornalista afirma: "Noel levaria ao universo dessas canções mundanas, de base ritmica negra e calcadas na oralidade, uma profundidade e um alcance artístico sem precedentes, tendo como matéria-prima a mesma coloquialidade. (...) O filosófico, em Noel, se deixa ler em pelo menos duas dimensões. Uma, mais evidente, é a dimensão ética. (...) A outra dimensão é menos evidente. Ela está na capacidade de ver os pontos em que a realidade se fratura em dois níveis. Essa fratura, Noel a flagra em vários versos." Também em 2010, dentro das celebrações para o centenário, o crítico e historiador R. C. Albin foi convidado por Arnaldo Niskier para gravar na Academia Brasileira de Letras quatro programas de meia hora, que foram transmitidos pelo TVU (Canal Universitário). O último programa dessa série teve como convidado especial o compositor Martinho da Vila. Em 2011, foi lançado pelo selo Discobertas em convênio com o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin a caixa "100 anos de música popular brasileira" com a reedição em 4 CDs duplos dos oito LPs lançados com as gravações dos programas realizados pelo radialista e produtor Ricardo Cravo Albin na Rádio MEC em 1974 e 1975. Nesses CDs estão incluídas seus sambas "Com que roupa" e "Conversa de botequim" na voz de Paulo Marquês, e "Feitiço da Vila" e "Último desejo", na voz de Odete Amaral. Em 2013, foi relançada sua primeira biografia, o livro "No tempo de Noel Rosa - O nascimento do samba e a era de ouro da música brasileira", de Almirante, pela Sonora Editora, com prefácio de Marcelo Fróes para essa terceira edição da Obra. A primeira edição, com prefácio de Edigar de Alencar foi lançada em 1963. A partir do livro foi montada uma exposição homenageado o compositor e o autor da biografia, no Instituto Cultural Cravo Albin, onde o livro seria lançado. Em 2014, comprovando-se mais uma vez a vitalidade de sua obra, foi homenageado pela cantora Valéria Lobão, que gravou o CD "Noel Rosa, preto e branco", com 22 obras do poeta da Vila, nas quais foi acompanhada somente por pianistas. Entre as faixas e suas participações especiais constam "Pastorinhas", com João de Barro, com arranjo e piano de  André Mehmari; "Você só mente", com Francisco Alves e Hélio Rosa, com arranjo e piano de Adriano Souza; "Julieta", com Eratóstenes Frazão, com arranjo e piano de Rafael Martini; "Eu agora fiquei mal", com Antenor Gargalhada, com arranjo e piano de Fernando Leitzke; "Só pode ser você", com Vadico, com arranjo e piano de Rafael Vernet  e participação especial da cantora Joyce Moreno; "Pra que mentir", com Vadico, com arranjo e piano de Vitor Gonçalves, "Sinhá Ritinha", com Moacyr Pinto, com arranjo de André Mehmari e piano de Robert Fuchs, "Feitio de oração", com Vadico, com arranjo e piano de Itamar Assière; "Suspiro", com Orestes Barbosa, com arranjo e piano de Gabriel Geszti, "Positivismo", com Orestes Barbosa, com arranjo e piano de Cliff Korman; "Filosofia", com André Filho, com arranjo e piano de Itamar Assiére, e "Triste cuíca", com Hervê Cordovil, com arranjo e piano de Marcos Nimrichter, além das obras solo "Mulato bamba", com arranjo e piano de Gilson Peranzzetta; "Pela décima vez", com arranjo e piano Duo Gisbranco e participação de M. Baltar, "Minha viola", com arranjo e piano de Leandro Braga, "Meu barracão", com arranjo e piano de Marcelo Caldi, "Verdade duvidosa", com arranjo e piano de Tomás Improta; "E não brinca não", com arranjo e piano de Cláudio Andrade e participação de Marcelo Pretto; "Cor de cinza", com arranjo e piano de João Donato; "Eu sei sofrer", com arranjo e piano de Eduardo Farias e participação especial da cantora Nina Wirtti; "Eu vou pra Vila", com arranjo e piano de Cristóvão Bastos e participação dos cantores João Cavalcanti e Moyséis Marques, e "Último desejo", com arranjo e piano de Carlos Fuchs

Obtido de: http://www.dicionariompb.com.br/noel-rosa/dados-artisticos

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sexta-feira, 20 de junho de 2014

Obra de Heitor Villa-Lobos é atualizada

Obra de Villa-Lobos é atualizada em novos estudos e gravações



Heitor Villa-Lobos (1887-1959) está em alta.
Cinquenta e cinco anos após sua morte, a música do compositor carioca começa, enfim, a predominar sobre dificuldades de interpretação e preconceitos acadêmicos -além de se libertar dos traços populistas de sua personalidade.
Villa-Lobos era um fazedor de frases para a imprensa, e sempre buscou sobrevalorizar o autodidatismo; idealizou as viagens que fez pelo Brasil, deixou pistas falsas acerca das influências de contemporâneos e, possivelmente, alterou a datação de algumas obras.
O ufanismo de seu nacionalismo —associado ao governo ditatorial de Getúlio Vargas nas décadas de 1930-40— gerou resistências da academia, historicamente comprometida com as vanguardas.



Surgiram dois Villa-Lobos: o modernista dos anos 1920, autor dos criativos "Choros", e o acomodado neoclássico das "Bachianas Brasileiras".
Estudos mais recentes, como os do professor de música da USP Paulo de Tarso Salles, mostram o uso de técnicas comuns nas duas séries.
Também o professor e músico José Ivo da Silva chama a atenção para o vigor de sua última e criativa fase.
NOVAS GRAVAÇÕES
Mas o maior passo para a reavaliação de seu legado dá-se na ordem das performances e gravações.
A Osesp, por sua dimensão nacional e internacional, lidera um processo que começou no início do século 21 com as gravações integrais dos "Choros", sob a regência de John Neschling (que recebeu o prêmio Diapason, na França), e das "Bachianas".
Nos últimos anos, já sob a direção artística de Arthur Nestrovski, a orquestra lançou um projeto ousado de revisões das partituras e gravações das (ainda desconhecidas) 11 sinfonias de Villa-Lobos, com regência de Isaac Karabtchevsky e lançamento internacional pelo selo Naxos.
O segundo CD da série, com as sinfonias n.6 e n.7, foi o vencedor do Prêmio da Música Brasileira 2014.
Nesse itinerário, cabe mencionar também a importância internacional das gravações integrais da obra de violão por Fabio Zanon, de piano por Sonia Rubinsky (em oito volumes) e dos 17 quartetos de cordas (em DVD e Blu-ray) pelo Quarteto Radamés Gnattali.


A Osesp também programou, dentro de sua temporada atual, a série "Villa-Lobos em foco", em que são destacadas 15 obras para as mais diversas formações, incluindo orquestra (com ou sem solistas), coro e quarteto de cordas.
Até este sábado (21), a orquestra paulista fará um complexo programa totalmente dedicado a Villa-Lobos (leia abaixo); parece coisa óbvia, mas é mais raro do que aparenta.
Há 50 anos, ainda pairavam desconfianças sobre a qualidade da obra de Mahler (1860-1911): sem a insistência de alguns regentes e o lançamento de diversas gravações de qualidade, ele provavelmente não assumiria o papel central que tem hoje no repertório.
A história da recepção da obra de Heitor Villa-Lobos pode ainda estar no meio do caminho. Por sua quantidade e variedade, ela tem pela frente um largo espaço para evoluir.
*
FORTÍSSIMO
Carreira foi preparada desde a infância
PRIMEIROS ACORDES
Aos cinco anos, começa a aprender com o pai a tocar violoncelo. Depois, passa para o clarinete. Juntos, vão a concertos e óperas. O pai o obriga a discernir gênero, estilo, caráter e origem das obras, e a desenvolver ouvido absoluto, identificando qualquer nota ou o ruído
BOEMIA
Na adolescência, e órfão de pai desde os 12 anos, cai nas rodas de choro da boemia carioca, nas quais toca violão
BRASIL ADENTRO
Em 1905, aos 18, começa seu ciclo de viagens pelo Brasil, que se estende até 1912. Não há documentos que provem todo o roteiro narrado pelo compositor, que cita passagens, em épocas diferentes, por: Espírito Santo, Bahia, Pernambuco, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso, Paraná, Ceará e Amazonas. Essas experiências o ajudam a criar o caráter nacionalista de sua obra
PARIS
Em 1918, o pianista polonês Arthur Rubinstein (1887-1982) visita o Brasil e torna-se entusiasta da obra de Villa-Lobos. Ele convence o magnata brasileiro Carlos Guinle (da família fundadora do Copacabana Palace) a financiar a estada de Villa-Lobos em Paris. A viagem ocorre em 1923, graças, também, ao apoio do governo e de amigos. Em 1924, assina contrato com a editora francesa Max Eschig, que passa a publicar suas obras
MODERNISMO
É o único compositor a participar da Semana de Arte Moderna, em 1922. Sobe ao palco do Theatro Municipal de SP de casaca e chinelos porque o excesso de ácido úrico o impedia de usar sapatos. O ato é visto como uma provocação
PRESTÍGIO
Viaja de novo a Paris em 1927 e passa a ser regente convidado das maiores orquestras da Europa. A partir de 1944, ganha prestígio nos EUA; recebe encomendas para um musical, "Magdalena", encenado na Broadway, e uma ópera, "Yerma"
ENSINO
No primeiro governo Vargas (1930-1945), comanda plano de ensino de coral nas escolas, que rende apresentações com 40 mil alunos. Cria o Guia Prático, com arranjos para centenas de canções folclóricas
TURNÊS
Em 1948, é diagnosticado com câncer, mas continua a fazer concertos regulares nos Estados Unidos e na Europa. Morre em 17 de novembro de 1959

Fonte: "Villa-Lobos" (Publifolha), de Fábio Zanon 

Obtido de: http://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2014/06/1473123-obra-de-villa-lobos-e-atualizada-em-novos-estudos-e-gravacoes.shtml

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segunda-feira, 16 de junho de 2014

Francisco Buarque de Hollanda - Chico Buarque

 Francisco Buarque de Hollanda - Chico Buarque

Em 1964, participou de um show no Colégio Rio Branco, em São Paulo, gravado para o Programa "Primeira audição", produzido por João Leão, Horácio Berlink e Nilton Travesso para a TV Record. Ainda nesse ano, atuou no espetáculo "Mens sana in corpore samba", realizado no Teatro Paramount, com produção de Walter Silva, e compôs a música "Tem mais samba" para a peça "Balanço de Orfeu". Também em 1964, Maricene Costa gravou sua música "Marcha para um dia de sol".

Em 1965, participou do I Festival Nacional de Música Popular Brasileira (TV Excelsior), com sua composição "Sonho de um carnaval", defendida por Geraldo Vandré. Em seguida, passou a apresentar-se, semanalmente, nos shows do Teatro Paramount e no programa "O fino da bossa" (TV Record), comandado pela cantora Elis Regina. Foi convidado, pela direção do Tuca (Teatro da Universidade Católica), para musicar a peça "Morte e vida Severina", de João Cabral de Mello Neto, o que fez com presteza, evidenciando a musicalidade já existente nos poemas. Ainda em 1965, a RGE lançou seu primeiro disco, um compacto simples contendo suas músicas "Olê, olá" e "Madalena foi pro mar", que seriam regravadas por Nara Leão no LP "Nara pede passagem", no qual constaria, também, a música "Pedro pedreiro".

Em 1966, obteve o primeiro lugar no II Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), com a canção "A banda", prêmio dividido com "Disparada" (Geraldo Vandré), por sua própria sugestão. Também nesse ano, lançou seu primeiro LP, "Chico Buarque de Hollanda", contendo suas composições próprias, que se tornariam clássicos da música popular brasileira: "Tem mais samba", "A Rita", "Pedro Pedreiro", "Amanhã, ninguém sabe", "Você não ouviu", "Olê, olá" e "Sonho de um carnaval", além de "A banda". O disco consolidou o prestígio e o sucesso do compositor que se tornou, então, nas palavras do jornalista Millôr Fernandes, a "única unanimidade nacional". Aos 22 anos e com pouco mais de 30 músicas, foi o mais jovem artista a prestar depoimento ao Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, tendo seu nome sido aprovado pelo Conselho Superior de MPB do MIS depois de debates acalorados, que se encerraram com o argumento definitivo do diretor do museu, Ricardo Cravo Albin, que fez um paralelo entre Chico e Noel Rosa, falecido prematuramente aos 26 anos pelo excesso de boêmia. Ainda em 1966, sua composição "Tamandaré", que abordava a desvalorização do cruzeiro, foi censurada. Escreveu músicas para a peça "Os inimigos", de Máximo Gorki, "O patinho preto", de Walter Quaglia, e "Pedro pedreiro", de Renata Pallottini. Participou, ao lado de Odete Lara e do grupo MPB-4, do show "Meu refrão", realizado na boate Arpège (RJ), com direção e produção de Hugo Carvana e Antonio Carlos Fontoura. Compôs, ainda, a trilha sonora para o filme "O anjo assassino", de Dionísio Azevedo.

Em 1967, recebeu, da Câmara Municipal de São Paulo, o título de Cidadão Paulistano, em concorrida cerimônia com direito a acompanhamento da Banda de Música da Guarda Civil, que interpretou "A Banda". Nesse mesmo ano, lançou seu segundo LP, que trazia seu nome como título e a indicação de volume 2. O disco registrou novos sucessos, entre os quais, "Noite dos mascarados", "Com açúcar, com afeto", "Quem te viu, quem te vê", "A televisão" e "Morena dos olhos d'água". Ainda nesse ano, obteve o terceiro lugar no III Festival da Música Popular Brasileira (TV Record), com sua canção "Roda viva", que interpretou ao lado do MPB-4, e o terceiro lugar no II FIC, com "Carolina", defendida por Cynara e Cybele. Nesse período, participou pela primeira vez do cinema, atuando no filme "Garota de Ipanema", de Leon Hirszman, interpretando suas composições "Noite dos mascarados" e "Um chorinho". No final de 1967, o grupo Oficina encenou a peça "Roda Viva", de sua autoria, com direção de José Celso Martinez. Tematizando a desmistificação do ídolo popular, o espetáculo chocou o público pela crueza de sua montagem e de seu texto, desfazendo sua imagem de menino bem comportado. Um grupo de extrema-direita invadiu o teatro, destruiu o cenário e espancou os atores. Ainda nesse ano, recebeu o Golfinho de Ouro, prêmio concedido pelo Conselho de Música Popular do MIS do Rio de Janeiro. Também em 1967, compôs as trilhas sonoras da peça "O&A", de Roberto Freire, e do filme "Se segura malandro", de Hugo Carvana.

Em 1968, lançou o LP "Chico Buarque de Hollanda - volume 3", trazendo novos grandes sucessos, entre os quais, "Ela desatinou", "Retrato em branco e preto" (c/ Tom Jobim), "Januária", "Carolina", "Roda viva" e "Sem fantasia". No mesmo ano, venceu o III Festival Internacional da Canção com a composição "Sabiá" (c/ Tom Jobim), defendida pela dupla Cynara e Cybele. Venceu, também, o IV Festival de Música Popular Brasileira com a música "Benvinda". Nesse período, entrou em confronto com os tropicalistas, devido a um mal-entendido provocado pela defesa de posturas estéticas diferenciadas. Ainda em 1968, sua música "Bom tempo" foi classificada em segundo lugar na I Bienal do Samba, realizada em São Paulo. A partir desse ano, passou a ser sempre indicado para receber o Golfinho de Ouro do MIS. O Conselho de Música Popular do museu resolveu declará-lo "Hors concours", para que outros compositores tivessem a oportunidade de serem premiados.

Em 1969, viajou com Marieta Severo para a Itália, onde nasceu sua primeira filha, Sílvia. A família permaneceu nesse país por 15 meses. Trabalhou em casas noturnas, fazendo shows de abertura para a cantora americana Josephine Baker em dueto com o violonista brasileiro Toquinho. Fez, também, uma série de programas para a televisão italiana. Gravou, com o maestro italiano Ênio Moriconi, o disco "Por un pugno di samba", que satirizava o 'western spaghetti' "Por um punhado de dólares", sucesso da época, com música de Moriconi. O disco, que o próprio cantor chamou de "Ação entre amigos", foi um fracasso comercial, apesar de trazer composições do quarto disco do cantor e sucessos de anos anteriores.

Em 1970, de volta ao Brasil, lançou seu quarto LP, o primeiro pela Philips, revelando transformações na estética de sua obra. Estão presentes no disco, entre outras, "Essa moça tá diferente", "Gente humilde" (c/ Vinicius de Moraes e Garoto), "Rosa dos ventos", "Pois é" (c/ Tom Jobim), "Agora falando sério" e "Os inconfidentes", com musicalização do poema de Cecília Meireles "Romanceiro da Inconfidência". Na composição "Agora falando sério" havia um quase manifesto, como que renegando a fase anterior, em versos que diziam: "dou um chute no lirismo, um pega no cachorro, um tiro no sabiá, faço a mala e corro prá não ver banda passar". No mesmo período, apresentou-se em programa especial na TV Globo. Por essa época, sua obra começou a ganhar um cunho cada vez mais social.

Em 1971, lançou o LP "Construção", demostrando uma mudança definitiva em sua poética, com composições que se transformariam em clássicos de sua obra e da MPB, como a faixa-título, hino de protesto contra a exploração econômica e a solidão urbana,"Cotidiano", "Cordão", "Samba de Orly", "Minha história", versão da música de Dalla e Pallotino, que apresentava Jesus como um marginal, "Valsinha" (c/ Vinicius de Moraes) e "Deus lhe pague". Nesse mesmo ano, integrou o elenco de atores do filme "Quando o carnaval chegar", de Cacá Diegues, ao lado de Nara Leão e Maria Bethânia. Ainda em 1971, fez uma temporada no Canecão (RJ) com o espetáculo "Construção", ao lado do pianista Jacques Klein, do maestro Isaac Karabtchevsky e do MPB-4.

No ano seguinte, foi lançado o LP "Quando o carnaval chegar", contendo a trilha sonora do filme. Ainda em 1972, apresentou-se com Caetano Veloso no Teatro Castro Alves (Salvador), que gerou o disco "Caetano e Chico juntos e ao vivo", com canções dos dois artistas. De sua autoria estão presentes, entre outras, "Bom conselho", "Partido alto", "Cotidiano" e "Ana de Amsterdã" (c/ Ruy Guerra). Traduziu, com Ruy Guerra, o musical "Homem de La Mancha" e assinou a trilha sonora do filme "Vai trabalhar vagabundo", de Ruy Guerra, cuja música-título obteve grande sucesso. Nesse período, começou a sofrer, cada vez mais, perseguição por parte do regime militar, tendo muitas de suas canções censuradas: "Apesar de você", "Cálice", "Tanto mar" e "Bolsa de amores", entre outras. "Apesar de você", lançada em compacto que atingiu 100 mil cópias vendidas, foi censurada e os discos, em seguida, recolhidos do mercado. Ao lado de Ênio da Silveira, de seu pai, Sérgio Buarque e de Oscar Niemeyer, entre outros, participou do conselho do Cebrade (Centro Brasil Democrático).

Em 1973, resolveu não lançar nenhum disco. Participou, nesse ano, da Phono 73, evento que reuniu no palco do Palácio das Convenções do Anhembi (SP) o cast da gravadora Phonogram. Ao apresentar, com Gilberto Gil, sua composição "Cálice", teve o microfone desligado pela censura, em dramático episódio. A música tivera sua letra publicada em um jornal e fora proibida momentos antes da apresentação, por conta do refrão "Cálice", cuja fonética similar a "Cale-se", era uma clara alusão à censura. Durante a apresentação, o compositor dirigia-se a outros microfones que eram desligados um a um, até que nenhum deles funcionasse mais e o "Cale-se" viesse a acontecer na prática. Ainda em 1973, compôs músicas para o filme "Joana Francesa", de Cacá Diegues. Escreveu, com Ruy Guerra, a peça "Calabar, o elogio da traição", cuja montagem foi proibida pela Censura, após meses de ensaios. O disco homônimo, contendo a trilha sonora do espetáculo, teve a capa também censurada, bem como trechos de algumas canções. Foi lançado com nova capa, totalmente branca, sob o novo título de "Chico canta", com trechos cortados da música "Ana de Amsterdã" e com o prólogo, a música "Vence na vida quem diz sim", apenas instrumental. Na mesma época, foi lançado o livro com o texto da peça.

Em 1974, escreveu a fábula "Fazenda modelo", seguindo uma tradição de George Orwell, e, em parceria com Paulo Pontes, "Gota d'água", adaptação da tragédia grega "Medéia", ambientada em um subúrbio carioca. Nesse mesmo ano, lançou o disco "Sinal fechado", contundente protesto contra a censura do regime militar, interpretando composições de outros compositores, entre as quais, "Festa imodesta" (Caetano Veloso), "Filosofia" (Noel Rosa), "Copo vazio" (Gilberto Gil), "Lígia" (Tom Jobim), "Sem compromisso" (Nelson Trigueiro e Geraldo Pereira) e "Sinal fechado" (Paulinho da Viola). A exceção foi a música "Acorda amor", oficialmente de Julinho da Adelaide e Leonel Paiva, dupla fictícia de compositores atrás dos quais o autor se ocultou para driblar a censura. Em versos como "Acorda amor, eu tive um pesadelo agora, sonhei que tinha gente lá fora", protestava, veementemente, contra a truculência da perseguição da ditadura militar. O verso "Você não gosta de mim, mas sua filha gosta", da música "Jorge Maravilha", foi considerado um irônico recado ao General Geisel, presidente militar na época, cuja filha apreciava o cantor, apesar do regime, cujo pai representava, censurá-lo. Apresentou-se, com o MPB-4, no Teatro Casa Grande (RJ), com o show "Tempo e Contratempo".

Em 1975, a peça "Gota d'água" foi encenada no Rio com direção de Paulo Pontes, tendo Bibi Ferreira no papel principal. Nesse mesmo ano, apresentou-se, com a cantora Maria Bethânia, em show gravado ao vivo no Canecão (RJ) e lançado em disco, contendo no repertório antigos sucessos, como "Olê olá" e "Com açúcar e com afeto", canções de compositores da Era do Rádio, como "Camisola do dia" (Herivelto Martins e David Nasser) e "Notícia de jornal" (Luis Reis e Haroldo Barbosa), músicas da peça "Gota d'água", como a canção-título, "Flor da idade" e "Bem querer", além de "Vai levando" (c/ Caetano Veloso). A música "Tanto mar" foi gravada em versão instrumental.

Em 1976, lançou o LP "Meus caros amigos", outro emblema da música de cunho social e de protesto contra a ditadura militar que marcaria aquela época na obra do cantor e compositor. Várias canções do disco tornaram-se clássicos e fizeram muito sucesso, entre as quais "O que será (A flor da pele)", cantada em dueto com Milton Nascimento, "Passaredo" (c/ Francis Hime), "Olhos nos olhos", "Você vai me seguir", "Mulheres de Atenas" (c/ Augusto Boal) e "Basta um dia". Na mesma época, fez a abertura da trilha sonora do filme "Dona Flor e seus dois maridos", de Bruno Barreto, com "O que será", uma das músicas mais tocadas nas rádios naquele momento e que ajudou a torná-lo mais conhecido no exterior. Chegou a ser proibido na Argentina pela ditadura do General Videla. Compôs música para a peça "Mulheres de Atenas", de Augusto Boal, e para o filme "A noiva da cidade", de Alexis Vianny.

Em 1977, produziu e dirigiu, com Sergio de Carvalho, o musical "Os Saltimbancos", com tradução e adaptação de sua autoria da música de Luiz Enriquez e texto original de Sérgio Bardotti. O disco, lançado pela PolyGram, contou com as presenças de Miúcha e Nara Leão, além de Aquiles e Magro, do MPB-4.

Em 1978, depois de mais de um ano sem gravar, lançou o disco "Chico Buarque", primeiro no raiar da chamada abertura política, com o fim da censura e a volta dos exilados políticos, por conta da anistia. O disco registrou três composições, anteriormente censuradas, "Tanto mar", "Apesar de você" e "Cálice", essa última gravada com Milton Nascimento, além de "Pivete", registro da situação do menor abandonado, "Feijoada completa", receita de recepção para o retorno dos exilados, e "Pequena serenata diurna", do cubano Silvio Rodrigues. Gravou, ainda, músicas da peça "A Ópera do malandro", que ainda não entrara em cartaz, "Pedaço de mim", cantada com Zizi Possi, "O meu amor", cantada por sua mulher Marieta Severo e por Elba Ramalho, em gravação que obteve muito sucesso, e "Homenagem ao malandro". No mesmo ano, estreou, no Rio de Janeiro, a "Ópera do malandro", musical baseado na "Ópera dos Mendigos" (1728) de John Gray, e na "Ópera dos três vinténs" (1928), de Bertolt Brecht e Kurt Weill, com direção de Luiz Antonio Martinez, mesmo diretor da montagem paulista. Compôs para a peça "Murro em ponta de faca", de Augusto Boal.

Em 1979, foi lançado o álbum duplo "Ópera do malandro", contendo as músicas da peça, com a participação de Francis Hime, Chiquinho do Acordeom, Sivuca, A Cor do Som, A Turma do Jackson do Pandeiro e Chico Batera, entre outros instrumentistas, além de orquestra e coro, para a parte intitulada "Ópera", montagem de trechos de óperas famosas com letras de sua autoria. Participaram também do disco outros artistas, como Gal Costa e Francis Hime ("Pedaço de mim"), João Nogueira ("Malandro nº 2"), Nara Leão ("Folhetim"), As Frenéticas ("Ai, se eles me pegam agora"), Marieta Severo e Elba Ramalho ("Meu amor"), A Turma do Funil ("Se eu fosse o teu patrão"), MPB-4 ("O malandro" e "Tango do covil"), Marlene ("Viver de amor"), Zizi Possi ("Terezinha") e Moreira da Silva ("Homenagem ao malandro"). O compositor cantou "Doze anos", com Moreira da Silva, "O casamento dos pequenos burgueses", com Alcione, "Hino de Duran", com A Cor do Som, e "Uma canção desnaturada", com Marlene. A música de maior impacto no álbum foi "Geni e o Zepelim" ("Joga bosta na Geni, ela é feita pra apanhar, ela é boa de cuspir, ela dá pra qualquer um, maldita Geni"). Nessa época, atuou em shows de apoio às lutas dos trabalhadores, especialmente os grevistas do ABC paulista. Apresentou-se, também, no show do Primeiro de Maio. No mesmo ano, a Som Livre, na série "Gala 79", fez uma retrospectiva que englobava a primeira fase da obra do compositor, incluindo, ainda, as inéditas "Luisa" e "Quadrilha", ambas com Francis Hime. Nesse período, musicou o filme "A República dos assassinos", de Miguel Faria Jr., e a peça "O rei de Ramos", de Dias Gomes.

Em 1980, lançou o LP "Vida", contendo composições dos anos 1970, ainda não gravadas, como "Não sonho mais", "Morena de Angola", que retrata seu envolvimento com alguns países africanos, como Angola e Moçambique, libertados há pouco tempo do domínio português, "Eu te amo" (c/ Tom Jobim), gravada em dueto com a cantora Telma Costa, "Vida" e "Qualquer canção". O disco registrou, também, "Bye bye Brasil" (c/ Roberto Menescal), da trilha sonora do filme homônimo de Cacá Diegues. No mesmo ano, participou da festa do jornal "Avante", órgão oficial do Partido Comunista português, e apresentou-se no projeto "Kalunga", em Angola, juntamente com mais 64 artistas brasileiros. O cineasta argentino Maurício Bem realizou o documentário "Certas palavras", com depoimentos de vários artistas, como Caetano Veloso e Vinicius de Moraes, sobre o compositor. Fez ainda duas músicas para o filme "O último dos Nukupirus", de Ziraldo e Gugu Olimecha.

Em 1981, gravou o LP "Almanaque", com destaque para "Meu guri" e contendo ainda "As vitrines", "A voz do dono e o dono da voz", retratando os percalços do cantor para mudar de gravadora, saindo da PolyGram e indo para a Ariola, "Moto contínuo" (c/ Edu Lobo) e "Tanto amar". Apareceu em disco, também pela primeira vez, na voz do autor, a composição "Angélica", parceria com Miltinho, do MPB-4, homenagem à estilista Zuzu Angel em sua luta por justiça pela morte do filho Stuart Angel, ocorrida nas dependências de um quartel da Aeronáutica. No mesmo ano, participou do roteiro e assinou a trilha sonora do filme "Os Saltimbancos trapalhões", de J. B. Tanko.

Em 1982, lançou "O grande circo místico", contendo a trilha sonora, composta em parceria com Edu Lobo, para o espetáculo homônimo apresentado pelo Ballet Guaíra, em Curitiba, e em outros espaços como o Maracanãzinho (RJ). O disco contou com arranjos de Edu Lobo e Chiquinho de Moraes, orquestração e regência de Chiquinho de Moraes e a participação de Milton Nascimento ("Beatriz"), Jane Duboc ("Valsa dos clowns"), Gal Costa ("A história de Lily Braun"), Simone ("Meu namorado"), Gilberto Gil ("Sobre todas as coisas"), Tim Maia ("A bela e a fera"), Zizi Possi ("O circo místico") e Coro Infantil ("Ciranda da bailarina"). Interpretou, com Edu Lobo, a faixa "Na carreira". Nesse período, fez diversas viagens a Cuba, apresentando shows na ilha da América Central.

Em 1983, participou da adaptação e da trilha sonora do filme "Para viver um grande amor". Compôs, também, para o filme "Perdoa-me por me traíres", de Brás Chediack, e para a peça "Dr. Getúlio", de Dias Gomes e Ferreira Gullar.

No ano seguinte, lançou o LP "Chico Buarque", pela PolyGram, contendo, entre outras, suas canções "Suburbano coração", "Mil perdões" e "Samba do grande amor", além de "Pelas tabelas" e "Vai passar", que se tornaram hinos do movimento pelas eleições diretas, sendo tocadas e cantadas em inúmeros comícios realizados em diversas cidades brasileiras. O próprio cantor cedeu sua voz em prol da campanha, comparecendo e apresentando-se em diversos comícios.

Em 1985, chegou às telas "A ópera do malandro", de Ruy Guerra, baseado na obra homônima de Chico Buarque. O disco com a trilha sonora do filme foi lançado nesse mesmo ano, trazendo o próprio compositor na interpretação de "A volta do malandro" e "Hino da repressão", além de Ney Matogrosso ("Las muchachas de Copacabana"), Ney Latorraca ("Hino da repressão"), Gal Costa ("Último blues"), Zizi Possi ("Sentimental"), Elba Ramalho ("Palavra de mulher") e Bebel ("Rio 42"). Ainda nesse ano, lançou, com Edu Lobo, a trilha sonora da peça "O Corsário do Rei".

Em 1986, passou a apresentar, juntamente com Caetano Veloso, o programa mensal "Chico e Caetano" (Rede Globo), que daria origem a um disco gravado ao vivo, intitulado "Os melhores momentos de Chico e Caetano". No mesmo ano, compôs a música "As minhas meninas" para a peça "As quatro meninas", de Lenita Ploncynsky.

Em 1987, lançou, pela RCA Victor, o LP "Francisco", que marca um momento mais introspectivo na carreira do cantor. O lado político social, no entanto, permanece forte em "Bacarrota blues" (c/ Edu Lobo). Estão presentes, ainda, "O velho Francisco", "As minhas meninas", "Estação derradeira", uma homenagem à escola de samba Mangueira, "Lola" e "Cantando no toró". No mesmo período, compôs músicas para o balé "Dança da meia-lua".

Em 1988, lançou, com Edu Lobo, o disco "Dança da meia-lua", pela Som Livre.

No ano seguinte, gravou, pela RCA Victor, o LP "Chico Buarque", com destaque para "Morro Dois Irmãos", "Baticum" (c/ Gilberto Gil), "Valsa brasileira" (c/ Edu Lobo), "Uma palavra" e "O futebol", homenagem do cantor aos seus ídolos Mané Garrincha, Didi, Pagão, Pelé e Canhoteiro. Ainda em 1989, compôs músicas para a peça "Suburbano coração", de Naum Alves, e para o filme "Amor vagabundo", de Hugo Carvana.

Em 1991, publicou o romance "Estorvo".

Em 1993, após quatro anos sem gravar, lançou "Paratodos", que o levou de volta às paradas de sucesso, especialmente com a música-título. Destacaram-se, ainda, no repertório do disco, as canções "Biscate", gravada com Gal Costa, "Futuros amantes", "Um piano na Mangueira", em parceria com Tom Jobim, que realizou uma participação na gravação, e "A foto da capa". Realizou uma série de shows, em várias cidades, para o lançamento do disco, que recebeu grande aceitação de crítica e público.

Em 1994, por ocasião do seu 50º aniversário, a PolyGram/Philips lançou uma caixa com cinco CDs, com um resumo de sua obra, dividida nas fases "O malandro", "O trovador", "O amante", "O cronista" e "O político". No mesmo ano, voltou aos palcos para o show "Paratodos". Seu livro "Estorvo" ganhou o Prêmio Jabuti de Literatura, sendo publicado na França, Itália, Inglaterra, Alemanha, Estados Unidos e Portugal. Participou da campanha contra a fome, promovida pelo sociólogo Betinho.

Em 1995, publicou o romance "Benjamim" e lançou o CD "Uma palavra".

No ano seguinte, Gal Costa gravou o CD "Mina d'água do meu canto", registrando apenas canções suas e de Caetano Veloso.

Em 1997, realizou uma série de shows no Rio e em São Paulo, com o propósito de arrecadar fundos para a construção do Centro de Memória da Mangueira.

No ano seguinte, lançou, pela BMG, o CD "Chico Buarque de Mangueira", também com o intuito de arrecadar fundos para a escola de samba. O disco contou com a participação de Leci Brandão, Alcione, João Nogueira, Carlinhos Vergueiro, Cristina e Nélson Sargento. Ainda em 1998, a Estação Primeira de Mangueira foi campeã do carnaval carioca com o enredo "Chico Buarque da Mangueira". Ao desfilar em carro alegórico, na passarela, Darcy Ribeiro obteve aplausos unânimes do público.

No ano seguinte, gravou o CD "As cidades", com temporada de lançamento no Canecão (RJ). No repertório do disco, suas composições "Iracema voou", "Sonhos são sonhos", "Cecília", "Chão de esmeraldas" (c/ Hermínio Bello de Carvalho), "Xote da navegação" (c/ Dominguinhos) que registrou uma participação do parceiro na sanfona, e "Assentamento", canção feita para o Movimento dos Sem Terra, além de "A ostra e o vento", composição sua para o filme homônimo de Walter Lima Junior. Também em 1999, apresentou o show "As cidades", no Credicard Hall de São Paulo.

Em 2000, foi lançado, na Itália, o CD "Sonho de um carnaval", apresentado como coletânea e trazendo as gravações feitas em território italiano, em 1970, com arranjos de Ênio Moriconi. Também nesse ano, concedeu longa entrevista para a revista "Bundas", dirigida pelo escritor e cartunista Ziraldo. Ainda em 2000, a BMG lançou "Álbum de teatro", disco que registrou algumas de suas parcerias com Edu Lobo para espetáculos teatrais.

Em 2001, compôs, com Edu Lobo, a trilha sonora do espetáculo "Cambaio", escrito por Adriana Falcão e dirigido por João Falcão, lançada em CD, com a participação de músicos como Cristóvão Bastos, Jurim Moreira, Marcio Montarroyos, Jacques Morelenbaum, Eduardo Morelenbaum, Lúcia Morelembaum e Andréa Ernest Dias, entre outros. No repertório, canções como a faixa-título, interpretada por Lenine, "Lábia", interpretada por Zizi Possi, "Veneta", interpretada por Gal Costa, "A moça do sonho" e "Noite de verão", interpretadas por Edu Lobo, além de "Uma canção inédita", "Ode aos ratos" e "Cantiga de acordar", em sua interpretação, essa última ao lado de Edu Lobo e Zizi Possi. Nesse mesmo ano, foi lançada, pela Universal Music, a caixa coletânea "Construção", contendo 22 CDs e libreto.

Em 2002, a BMG Brasil lançou a coletânea "Duetos", reunindo gravações do compositor em dupla com vários artistas, como Nana Caymmi, Tom Jobim, Zeca Pagodinho, Elza Soares e Pablo Milanés, entre outros. A faixa "Façamos (Vamos amar)", versão de Carlos Rennó para "Let's Do It, Let's Fall in Love" (Cole Porter), foi tema de abertura da novela "Desejos de mulher" (Rede Globo), nesse mesmo ano.

Em 2003, foi remontado seu musical "A ópera do malandro" (1978). O espetáculo estreou no Teatro Carlos Gomes (RJ), com direção geral de Charles Möeller e direção musical coordenada por André Góes e Liliane Secco, também responsável pelos arranjos. No elenco, Alexandre Schumacher, Soraya Ravenle, Alessandra Maestrini, Claudio Tovar, Lucinha Lins e Mauro Mendonça. Ainda nesse ano, lançou o livro "Budapeste" (Companhia das Letras), com tiragem inicial de 50.000 exemplares.

Em 2004, participou, sob a direção de Monique Gardenberg, da gravação do clipe de "Alegria", música de Arnaldo Antunes incluída na trilha sonora do filme "Benjamim", baseado em livro de sua autoria. Nesse mesmo ano, foi lançada por "Seleções do Reader's Digest" a caixa "As mais belas canções de Chico Buarque", coletânea de cinco CDs contendo 70 músicas do compositor, divididas pelos temas "Construindo sucessos", "Chico sem censura", "Encontros inesquecíveis", "Talento brasileiro" e "Outras vozes cantam Chico".

Em 2005, foi veiculada, pela DirecTV (canal 605 da operadora de TV por assinatura), a série de especiais celebrando sua vida e obra, dirigida por Roberto de Oliveira, lançada, nesse mesmo ano, nas caixas "Chico", reunindo os DVDs "Meu caro amigo", "À flor da pele" e "Vai passar", contemplados com o DVD de Platina (pela vendagem de mais de 50.000 cópias) e "Chico 2", reunindo os DVDs "Anos dourados", "Estação derradeira" e "Bastidores", contemplados com o DVD de Ouro (pela vendagem de mais de 25.000 cópias), também em 2005. Neste ano, foi remontada, pela Cia. Pitangas Bravas, da diretora Patrícia Zampiroli, sua peça teatral "Roda viva", encenada no espaço Glauce Rocha da Uni-Rio. Ainda em 2005, foi registrada em estúdio sua primeira parceria com Ivan Lins, "Renata Maria", para disco de Leila Pinheira intitulado "Hoje". Também nesse ano, Fafá de Belém lançou o CD "Tanto mar", contendo exclusivamente canções de sua autoria. O compositor participou do disco na faixa "Fado tropical", recitando o poema escrito pelo parceiro Ruy Guerra. Ainda em 2005, assinou contrato com a gravadora Biscoito Fino, para lançamento de mais um disco, produzido por Vinicius França, com arranjos e direção musical de Luiz Claudio Ramos.

Em 2006, chegou ao mercado a caixa "Chico 3", contendo os DVDs "Uma palavra", "O futebol" e "Romance". Nesse mesmo ano, o compositor lançou o CD "Carioca", contendo suas canções "Subúrbio", "Outros sonhos", "Ode aos ratos" (c/ Edu Lobo), "Dura na queda", "Porque era ela, porque era eu", "As atrizes", "Ela faz cinema", "Bolero blues" (c/ Jorge Helder), "Renata Maria" (c/ Ivan Lins), "Leve" (c/ Carlinhos Vergueiro), "Sempre" e "Imagina" (c/ Tom Jobim).Também em 2006, estreou, no Tom Brasil Nações Unidas, em São Paulo, o show de lançamento do CD “Carioca”, seguindo por várias cidades brasileiras e três européias até o ano seguinte, tendo sido visto por 185.000 pessoas até o final da turnê.

Lançou, em 2007, o CD duplo “Carioca ao vivo” e também o DVD “Carioca ao vivo”, contendo o registro integral do show “Carioca”.

Lançou, em 2009, o livro “Leite derramado” (Companhia das Letras).

Em 2010, foi lançada a compilação ”Essa história está diferente – Dez contos para canções de Chico Buarque” (Companhia das Letras), organizada por Ronaldo Bressane, contendo contos de Cadão Volpato (baseado em “Carioca”), Carlos Saavedra (baseado em “Mil perdões”), Alan Pauls (“O direito de ler enquanto se janta sozinho”, baseado em “Ela faz cinema”), Rodrigo Fresán ( “A mulher dos meus sonhos e outros sonhos”, baseado em “Outros sonhos”), Mario Bellatin (“Os fantasmas do massagista”, baseado em “Construção”), Mia Couto ( “Olhos nus: olhos”, baseado em “Olhos nos olhos”), André Sant’Anna (“Lodaçal”, baseado em “Brejo da Cruz”), Xico Sá ( “Um corte de cetim”, baseado em “Folhetim”), João Gilberto Noll (baseado em “As vitrines”) e Luiz Fernando Veríssimo (baseado em “Feijoada completa”). Nesse mesmo ano, foi lançado, no mercado editorial italiano, “Latte versato”, versão de seu livro “Leite derramado”. Ainda em 2010, foi lançada a “Coleção Chico Buarque”, livros-CDs que reapresentam 20 álbuns da discografia do compositor e cantor, gravados entre 1966 e 2006, com libreto contendo textos sobre as faixas e sobre o contexto histórico dos discos, além de depoimentos de parceiros do artista. A coleção traz, na seqüência, os seguintes volumes: “Chico Buarque” (1978), “Construção” (1971), “Meus caros amigos” (1976), “Chico Buarque de Hollanda” (1966), “Chico Buarque de Hollanda Vol. 2 (1967), “Chico Buarque de Hollanda Vol. 3” (1968), “Paratodos” (1993), “Sinal fechado” (1974), “Vida” (1980), “Almanaque” (1981), “Chico Buarque” (1984), “Calabar” (1973), “Chico Buarque” (1989), “Ao vivo Paris - Le Zenith“ (1990), “Uma palavra” (1995), “As cidades” (1998), “Chico Buarque de Mangueira” (1997), “Carioca” (2006), “Francisco” (1987) e “Per un Pugno di Samba” (1970). Também em 2010, foi editada em DVD pela gravadora Biscoito Fino, em parceria com a TV Cultura, o depoimento que concedeu ao programa “MPB Especial”, dirigido por Fernando Faro, no ano de 1973, contendo também gravações de suas canções “Tatuagem” (c/ Ruy Guerra), “Deus lhe pague”, “Desalento” (c/ Vinicius de Moraes), “Samba de Orly” (c/ Toquinho e Vinicius de Moraes), “Hino do Polytheama”, “Bom conselho”, “Cotidiano”, “Caçada”, “Olê, Olá” e “Flor da Idade”, além de “Cuidado com a outra” (Nelson Cavaquinho e Augusto Tomaz Junior), e ainda citações “Meu refrão”, “Amanhã ninguém sabe”, “Ela desatinou/Construção”, “Ilmo Sr. Cyro Monteiro”, “Boi voador não pode” (c/ Ruy Guerra) e “Soneto”. Ainda nesse ano, o pianista Benjamim Taubkin lançou o CD “Chico Buarque por Benjamim Taubkin”, da série “Solo Lounge”, registrando suas composições “Sabiá” (c/ Tom Jobim), “Gente humilde” (c/ Vinicius de Moraes sobre música de Garoto), “Samba de Orly” (c/ Toquinho e Vinicius de Moraes), “A banda”, “Carolina”, “A Rita”, “Quem te viu quem te vê”, “Morena de Angola” e “Noite dos mascarados”.

No início de 2011, foi ao ar a microssérie “Amor em 4 atos” (Rede Globo), inspirada em cinco canções de sua autoria: “Mil perdões”, “Folhetim”, “Vitrines”, “Construção” e “Ela faz cinema”. Seu acervo pessoal e artístico, digitalizado pelo Instituto Antonio Carlos Jobim, foi disponibilizado, nesse mesmo ano, no site www.jobim.org, onde é possível se ter acesso a cerca de 600 faixas de sua discografia e também a textos (peças, roteiros) e fotos (de carreira e familiares). Também em 2011, lançou o CD “Chico”, com suas canções “Rubato”(c/ Jorge Helder), “Sou eu” (c/ Ivan Lins), “Sinhá” (c/ João Bosco), “Querido Diário”, “Essa pequena”, “Tipo um baião”, “Se eu soubesse”, “Sem você nº 2”, “Nina” e “Barafunda”. O disco contou com a participação especial de Thais Gulin (na faixa “Se eu soubesse”) e João Bosco (na faixa “Sinhá”). Ainda nesse ano, numa parceria do Instituto Cultural Cravo Albin com o selo Discobertas, foi lançado o box "100 Anos de Música Popular Brasileira", contendo quatro CDs duplos, com áudio restaurado por Marcelo Fróes da coleção  de oito LPs da série homônima produzida por Ricardo Cravo Albin, em 1975, com gravações raras dos programas radiofônicos “MPB 100 ao vivo” realizadas no auditório da Rádio MEC, em 1974 e 1975. O compositor participou do volume 6 da caixa, com suas canções “A banda” e “Carolina”, ambas na voz de Pery Ribeiro. Também em 2011, foi lançado o livro “Para seguir minha jornada: Chico Buarque” (Nova Fronteira), com texto Regina Zappa e organização de Julio Silveira. Também nesse ano, o CD “Chico” figurou na relação “Os Melhores Discos de 2011” do Jornal “O Globo”, em seleção assinada por Bernardo Araujo, Carlos Albuquerque, Leonardo Lichote, Luiz Fernando Vianna e Silvio Essinger.

Em janeiro de 2012, estreou temporada carioca do show “Chico” no espaço Vivo Rio (RJ) acompanhado pelos músicos Luiz Claudio Ramos (violão), João Rebouças (piano), Bia Paes Leme (teclados e vocais), Wilson das Neves (bateria), Chico Batera (percussão), Jorge Helder (contrabaixo) e Marcelo Bernardes (flauta e sopros). Além de sucessos de carreira, canções do CD homônimo lançado em 2011 fizeram parte do repertório do espetáculo, que contou ainda com a participação de Vinícius França (produção geral), Helio Eichbauer (direção de arte e cenários), Maneco Quinderé (iluminação), Cao Albuquerque (figurinos) e Ricardo ‘Tenente’ Clementino (direção técnica). Em seguida, o show saiu em turnê por vários estados brasileiros. Foi contemplado, em 2012, com o Prêmio da Música Brasileira, na categoria Melhor Canção, por sua composição “Sinhá” (c/ João Bosco), incluída em seu CD “Chico”. Nesse mesmo ano, chegaram ao mercado o CD ao vivo “Na carreira”, com registros dos shows da turnê “Chico”, e a caixa “De todas as maneiras”, que reúne seus 21 primeiros álbuns – do “Chico Buarque de Hollanda”, de 1966, à trilha sonora do filme “Ópera do Malandro”, de 1986 – e o CD triplo “Umas e outras”, contendo compilações de raridades do período registradas em fitas guardadas no arquivo da Universal pelo técnico William Tardelli, selecionadas pelo jornalista Cleodon Coelho, faixas editadas em compactos e participações em discos de outros cantores, com destaque para a gravação inédita de “Jorge Maravilha”. A caixa traz ainda textos do jornalista Leonardo Lichote. Ainda em 2012, fez participação especial no show “Primavera Carioca”, apresentado por Caetano Veloso no Teatro Oi Casa Grande (RJ). O espetáculo “Na balada” figurou na relação “Os Melhores Shows de 2012” - assinada pelos jornalistas Bernardo Araújo, Carlos Albuquerque, Leonardo Lichote e Sílvio Essinger -, publicada na edição de 30 de dezembro desse mesmo ano do Jornal “O Globo”.

Com uma obra rica e variada, o cantor tem atravessado os anos mantendo-se como um exemplo de coerência política e estética, recebendo o respeito e admiração do público e da crítica.


Obtido de: http://www.dicionariompb.com.br/chico-buarque/dados-artisticos

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